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Economia COVID-19

Venda de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid dispara

Estudos apontam que antimalárico, vermífugo e antiparasitário não ajudam a evitar mortes e quadros graves da doença. Procura na farmácia subiu acompanhando mudanças nas regras da Anvisa, que chegou a incluir e depois retirou os medicamentos da lista de controle especial.

04/02/2021 09h21 Atualizada há 4 anos
Por: Redação
Venda de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid dispara

No balcão da farmácia, o cliente pede um vermífugo para combater a Covid-19. Apesar do alerta do farmacêutico de que não há eficácia comprovada, a compra é concluída. Com ou sem o aviso na drogaria, a cena se repetiu à exaustão em 2020, fazendo com que medicamentos como a hidroxicloroquina (antimalárico), a ivermectina (vermífugo) e a nitazoxanida (antiparasitário) tivessem altas expressivas nas vendas em 2020.

 

Apenas no caso da hidroxicloroquina, o total mais que dobrou, passando de 963 mil em 2019 para 2 milhões de unidades em 2020, conforme levantamento obtido com exclusividade pelo G1 junto ao Conselho Federal de Farmácia (CFF).

 

Na base desta discussão está o uso dos medicamentos off-label (fora da indicação já prevista em bula): o Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que não endossa o uso, mas defende a autonomia dos médicos (veja mais abaixo).

 

Aos três remédios já citados acima se juntam outros que chegaram a ser agrupados no chamado kit Covid, voltado ao suposto "tratamento precoce" da doença. As drogas foram prescritas por médicos brasileiros apesar de estudos científicos no Brasil e no mundo não apontarem benefícios e alertarem para riscos associados ao uso.

 

Além de especialistas, de algumas entidades médicas e de pesquisas publicadas em revistas científicas, até mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou a ineficácia da estratégia off-label que impactou o varejo farmacêutico. Entretanto, na avaliação das empresas, a responsabilidade pelo aumento das vendas fica com os profissionais que têm poder de assinar a receita.

 

Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) disse que não se pronunciaria sobre qual é o posicionamento da indústria a respeito do uso dos medicamentos sem eficácia comprovada. Entretanto, o Sindusfarma afirma que, historicamente, a posição do setor é que o consumo de "todo e qualquer medicamento" deve seguir as "bulas e as prescrições (...) de médicos, farmacêuticos e demais profissionais de saúde habilitados".

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