A Bahia é o segundo estado do país com maior número de alunos não brancos sem atividade escolar na pandemia, em comparação ao grupo de alunos brancos. Levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pela Rede de Pesquisa Solidária, com dados da PNAD-Covid do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que 742.115 estudantes negros, pardos e indígenas estão nessa condição, ante 120.995 alunos brancos.
Os dados se referem a estudantes da rede pública de ensino. A Bahia fica atrás apenas do Amazonas, onde 212.242 alunos não brancos estão sem atividades escolares. Entre os alunos brancos, o número é bem menor: 28.227. Os números do Amapá também são expressivos: 50.256 alunos não brancos estão sem atividades escolares e 9.310 brancos não têm o que fazer nesse período de aulas suspensas.
De acordo com informações da GloboNews, que obteve o levantamento, em todo o país o número impacta. Mais que o dobro de estudantes negros, pardos e indígenas estão sem atividade escolar na pandemia. São 4,3 milhões de alunos não brancos passando por essa situação, quando os brancos são 1,5 milhão.
Apesar de a pesquisa do IBGE não dizer o motivo pelo qual as crianças ficaram ociosas, os pesquisadores acreditam isso pode ter acontecido ou porque as escolas não disponibilizaram atividades, ou porque as famílias não possuem condições de ter estrutura para atividades remotas, como acesso à internet. À GloboNews, o sociólogo responsável pelo levantamento, Ian Prates, afirmou que os números refletem a desigualdade existente entre brancos e não-brancos, como também chama atenção para o possível aumento da desigualdade racial entre essa geração em fase escolar.