Ao pedir a prisão preventiva de Fabrício Queiroz, o Ministério Público do Rio citou três contatos que, anotados à mão numa caderneta, poderiam ajudar a família quando o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fosse detido. No entanto, o material apreendido com a mulher dele em dezembro do ano passado não se limita a isso. A informação foi publicada pelo jornal Estad. de S. Paulo. Márcia Oliveira de Aguiar tinha uma agenda com números de celulares atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), ao próprio Flávio, à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Outras pessoas ligadas à família também apareciam nas anotações. Investigadores apontam ainda que, em outras páginas, há contatos e anotações sobre policiais, pessoas envolvidas com a milícia e políticos do Rio de Janeiro. Um desses contatos estaria guardando uma pistola Glock para Queiroz enquanto o ex-assessor se escondia em São Paulo, segundo a anotação de Márcia. O ex-assessor foi preso no mês passado em Atibaia, interior de São Paulo, na casa de Frederick Wassef, então advogado de Flávio no caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Márcia é considerada foragida desde então.
No pedido de prisão preventiva, a Promotoria mencionou apenas três nomes que poderiam favorecer Queiroz caso ele fosse levado para o Batalhão Especial Prisional (BEP), vinculado à Polícia Militar. Mas, no material bruto, outros contatos figuram com comentários que também indicam orientações do marido enquanto estava escondido. Outros – como os telefones atribuídos a Bolsonaro, Flávio e Michelle – não vêm acompanhados de anotações específicas e aparecem apenas com nome e número.
Ainda de acordo com a publicação, a família presidencial compõe parte significativa dos papéis. Numa mesma folha, dois números de Jair e um de Michelle aparecem juntos; noutra, um celular de Flávio e um de sua mulher, Fernanda. Há ainda o contato de Max Guilherme Machado de Moura, ex-segurança e hoje assessor especial do presidente, além do sócio de Flávio na loja de chocolate investigada por suposta lavagem de dinheiro, Alexandre Santini.
Bolsonaro não é – e nem poderia ser, por causa do foro especial – investigado pelo Ministério Público do Rio. Também não há indícios, nas conversas mantidas por Márcia no período em que ela a família passaram a ser investigados, de que tenha havido alguma troca de mensagem entre a mulher de Queiroz e o presidente e seus parentes.