Comandante-geral da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), coronel Anselmo Brandão comentou como a corporação investiga a conduta excessiva de agentes em operações na Bahia. Em entrevista à Rádio Metrópole hoje (8), ele não negou a existência de policiais preconceituosos e violentos, mas disse que eles não representam a corporação.
"Nós não aceitamos, tanto que nós temos nas comunidades diversos conselhos de segurança onde a comunidade participa. Mas infelizmente tem algumas pessoas que ingressam na corporação com alguns propósitos de desvio de conduta. Não podemos formar um policial em nove meses ou um ano onde ele já traz um arquétipo e uma cultura de violência dentro dele, no espaço onde ele mora e reside. Quando ele coloca uma farda, ele está me representando de maneira negativa", disse Brandão.
"Aquela pessoa arrogante, prepotente, que não gosta de preto e tem uma série de preconceitos. Isso é da natureza do homem que recrutamos. Não é a polícia e não vamos mudar o comportamento de um policial em um ano ou dois de formação", acrescentou.
Ainda segundo o comandante, é inconcebível pensar em atitudes violentas e defender penalidades contrárias à democracia. "Eu ensino de uma forma, ele age de outra porque ele tem aquela formação e aquela ideia. Tem pessoas que só acham que resolve o problema da violência com uso de força e matando as pessoas. Fizeram uma pesquisa de que 70% defende a pena de morte. É um absurdo num país desse defender a pena de morte. Onde está a democracia e o direito das pessoas? Estamos sujeito a erros, a polícia tem feito esse papel muito difícil. É uma linha tênue", afirmou o comandante-geral.
Entretanto, o coronel Anselmo Brandão também criticou a forma como a população lida com a polícia. Segundo ele, excessos ganham mais destaque na imprensa e nas redes sociais do que as ações efetivas e positivas da corporação.
"Não temos essa cultura de enaltecer o policial. Só vê o policial de maneira errada. Qualquer fato, eu vejo diversas ações positivas todos os dias. Prende, aborda e distribui cesta básica. Ninguém faz um comentário. O primeiro beliscão que o policial dá em alguma abordagem, beliscão no sentido de exagero, é notícia e aí todos os policiais são violentos. Temos que tirar, extirpar essas pessoas que têm desvio de conduta. Mas eu tenho 32 mil policiais trabalhando no estado. Toda profissão tem desvio de conduta, por que a polícia não pode ter?", disse o chefe da PM.