Conforme o Dia das Mães se aproxima, mais lojistas de shoppings aderem ao sistema drive-thru para tentar mitigar as perdas diante da quarentena no país.
Segundo Vander Giordano, vice-presidente institucional da Multiplan, a medida é uma alternativa de suporte aos lojistas em meio ao isolamento social e crise do coronavírus.
A Multiplan administra shoppings como o Morumbi Shopping, em São Paulo, o Barra Shopping, no Rio de Janeiro, e o Park Shopping Barigüi, em Curitiba--que já contam com o drive-thru.
"Como ainda existem muitas pessoas com medo de sair, a premissa é que não haja contato físico", afirmou Giordano.
Para participar do sistema de drive-thru, o lojista precisa assinar um termo de adesão com o shopping e deve se comprometer a higienizar os pacotes a serem entregues e a seguir as medidas de higiene, como o uso de luvas, máscaras e álcool em gel.
Do lado do cliente, o uso do drive-thru é simples. A compra é feita pelos canais disponibilizados, como o site da loja ou um número de WhatsApp próprio para o pedido.
Depois de escolher o produto, o consumidor agenda uma hora para buscá-lo. O pagamento é feito na hora da retirada ou por plataforma previamente disponibilizada pela loja.
Segundo o diretor de marketing da Ancar, Diego Marcondes, o número de lojistas que aderem ao sistema cresce significativamente, e a adoção da medida deve ser estendida.
A Ancar administra o Shopping Metrô Itaquera e o Shopping Pátio Paulista, em São Paulo, e o Botafogo Praia Shopping, no Rio de Janeiro, por exemplo, que estarão com o modelo para o Dia das Mães.
"O processo de digitalização dos shoppings se intensificou muito nos últimos dois meses e tende a continuar crescendo", afirmou Marcondes
Outros setores também têm adotado o drive-thru, como é o caso da Leroy Merlin. A empresa já era adepta do modelo antes da pandemia, mas ajustou protocolos para manter as vendas na quarentena.
Segundo o gerente comercial da Leroy Merlin da marginal Tietê, Paulo Palermo Junior, o horário de funcionamento do drive-thru foi reduzido para atender das 8h às 22h (ia das 6h30 às 23h), além da restrição de cada cliente ser atendido por um único funcionário durante o processo (antes, o sistema trabalhava com um colaborador por etapa).
"Os funcionários são obrigados a usar máscaras e luvas e a higienizar seus pontos de trabalho. Orientamos o cliente a não descer do carro e também espalhamos cartazes informativos", disse.
Especificamente para o Dia das Mães, a expectativa é de uma queda de 60% nas vendas ante igual período de 2019, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
"Mesmo depois da pandemia, a tendência é que haja uma herança negativa. Principalmente dada a retração do mercado de trabalho e da renda", disse o economista da confederação Fábio Bentes.
Só em São Paulo, segundo o assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de São Paulo) Altamiro Carval, a queda estimada para a data é de 31% entre os cinco setores que mais vendem no período --farmácias, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e decorações, vestuários e supermercados--, valor equivalente a uma perda de R$ 3,7 bilhões em vendas.
"Todos nós queremos abrir logo as portas para termos a oportunidade de vender, mas sabemos que o movimento não vai ser grande. Estamos todos sofrendo", afirmou o vice-presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) do Bom Retiro, Nelson Tranquez.