Um homem diagnosticado com Covid-19 que está em Feira de Santana há trabalho desde o dia 18 de fevereiro não é reconhecido como um caso da cidade. Segundo o paciente, ele começou a sentir os sintomas no município baiano e chegou a sair andando de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade em direção ao hotel em que está hospedado porque a unidade não dispunha de uma ambulância pra fazer o transporte.
“No dia 20 eu comecei a me sentir não tão bem, comecei a ter alguns sintomas e não procurei um médico de imediato porque eu já estava perto de ir para casa então achei que dava para aguentar. Eu não relacionei em nenhum momento com a Covid-19, mas no domingo começou a dar uma piorada. No sábado, dia 21, começaram os sintomas com coriza, calafrios e suar muito, ai na segunda começou a dor no peito, uma dor muito forte, com dificuldade para respirar. Pela tarde aumentou, foi quando eu procurei um médico na unidade próximo ao Clériston e o médico já me colocou em isolamento. Seguiu todos os protocolos e o médico mandou eu voltar para o hotel, que o pessoal da vigilância iria manter o contato e coletar o material fazer o exame. Ai da terça-feira, o pessoal veio na quinta-feira coletar o material. O resultado saiu agora testando positivo para Covid-19. Estou tendo contato com o pessoal da vigilância e por duas vezes tive que voltar para a UPA porque eu estava sentindo muita dor e dificuldade para respirar. Ontem, depois que foi confirmado, fui na policlínica da Queimadinha e entrei em contato com o pessoal da vigilância. Eles mandaram o Samu vir me buscar, era por volta das 11h20, me levaram para a policlínica, fiz gasometria e fiquei aguardando a tomografia. Eles foram levar o almoço 15h30, um almoço totalmente com desvio de uma pessoa que está doente. Fiquei aguardando quando foi 17h pouco me levaram para o Hospital Clériston Andrade para fazer a tomografia, depois me levaram de volta para a policlínica. A médica infectologia foi lá me ver e disse que meu exame de tomografia deu normal e queria me dá alta”, disse o paciente ao site Acorda Cidade.
“E eu fiquei aguardando a ambulância. Isso era umas 19h já, fiquei aguardando até 20h. Quando deu umas 21h30 o pessoal viu que eu estava inquieto e que eu queria voltar. Estava sem comer, queria tomar banho, e o pessoal falou que o pessoal da ambulância não queria fazer o transporte. Eu entrei em contato com o Samu, e falei com uma pessoa que disse que o Samu é uma unidade de urgência e emergência não podendo fazer transporte, que era para eu solicitar um Uber ou outro transporte só que a partir do momento em que eu fui constatado como positivo eu não posso ficar transitando normalmente em outros veículos no meio do pessoal, aí falei com o pessoal da policlínica e eles falaram que realmente o pessoal não queria fazer o transporte e estava aguardando a ambulância retornar de Salvador. Eu achei estranho porque um município deste tamanho tem mais condições. Aí pedi meus exames e falei que iria a pé. O pessoal ficou assustado, não queria, mas eu vim a pé da policlínica até meu hotel. Achei uma falta de consideração, uma falta de respeito total porque eu estava aqui a trabalho, porque diferente da forma como foi passado para a imprensa, eu não vim de São Paulo com a doença eu contrai aqui”, afirmou.
A médica infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê de Controle do Coronavírus em Feira de Santana, informou que o tempo que ele passou na UPA foi necessário para ele fazer os exames específicos e que a comida foi adequada para o paciente, além disso, o paciente não pode escolher o que comer. Ela informou também o paciente está em isolamento, está sendo monitorado pela equipe e que foi a pé da UPA da Queimadinha para o hotel porque não quis esperar a ambulância retornar de Salvador. A médica disse ainda que o paciente colocou toda a equipe de saúde em risco.