Quarta, 27 de Novembro de 2024
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Salvador, Recife e centros do Sul e Sudeste devem enfrentar situação mais grave de Covid-19, diz estudo

Relatório analisou risco de epidemias nas microrregiões brasileiras, a partir da exportação de casos do Rio de Janeiro e São Paulo

19/03/2020 12h22
Por: Redação
Salvador, Recife e centros do Sul e Sudeste devem enfrentar situação mais grave de Covid-19, diz estudo

Estimativa de pesquisadores da Fiocruz e da FGV prevê que, além dos centros urbanos das regiões Sul e Sudeste, Salvador e Recife devem enfrentar a situação mais difícil diante da pandemia de coronavírus, com grande potencial de acumular casos graves no curto prazo.

O relatório “Estimativa de risco de espalhamento da COVID-19 no Brasil e o impacto no sistema de saúde e população por microrregião”, produzido pelo Núcleo de Métodos Analíticos para Vigilância em Saúde Pública (PROCC/Fiocruz) e pela Escola de Matemática Aplicada (EMAp/FGV), utilizou modelos matemáticos de previsão.

De acordo com nota da Agência Fiocruz, o estudo analisou o risco de epidemias nas microrregiões brasileiras, a partir da exportação de casos dos dois maiores centros urbanos do país, Rio de Janeiro e São Paulo, que devem se tornar o principal foco de disseminação a partir de agora.

Além da conectividade aérea, a pesquisa levou em conta ainda o percentual de população de risco, acima de 60 e acima de 80 anos, elevado nessas regiões. Microrregiões no interior dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo ainda devem apresentar surtos em breve, devido à mobilidade pendular com suas capitais.

O relatório identifica que São Paulo apresenta maior potencial de rápida dispersão para os demais estados, já que centraliza a malha aérea do país. Devido à crescente suspensão de voos e o fechamento de fronteiras pelos países mais afetados, o número de casos importados internacionalmente tende a diminuir sua relevância diante de casos decorrentes de transmissão comunitária sustentada, conforme o estudo.

“Para criar a nosso cálculo de probabilidade, nós levamos em consideração a subnotificação dos casos, como observado em outros países, e o tempo de duração da infecção por paciente de 8 dias. Com isso, é possível que nossos resultados comecem a ser observados em uma ou duas semanas. Mas é claro que tudo vai depender das medidas tomadas para a contenção do vírus”, disse, em nota, Marcelo Gomes, pesquisador da Fiocruz e coordenador do estudo.

O cenário foi formulado diante da falta de distanciamento social e restrição de viagem. O grupo ainda trabalha para fazer novas previsões, que considerem o impacto de medidas de restrição da mobilidade. Na Bahia, a restrição de viagem por ônibus intermunicipal em cidades com casos da doença começa a valer a partir de amanhã (20).

“Fizemos análise de distância efetiva, que se baseia na mobilidade das pessoas ao invés de distância geográfica, para análise de exposição e probabilidade de surto local em função da transmissão comunitária nos dois principais centros urbanos do país, na ausência de ações de mitigação que reduzam o fluxo de pessoas. Cruzamos essas informações com dados de proporção da população nas faixas etárias de risco, bem como número de leitos de  internação e leitos complementares (UTI e unidade intermediária), nos conjuntos SUS e não SUS. Esse cruzamento de dados permite embasar estratégias de prioridade para alocação de recursos e ações para redução de impacto”, declara o pesquisador.

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