A pesar de sucessivas campanhas realizadas ao longos dos anos, os casos de sífilis continuam crescendo e representam uma preocupação para os órgãos de saúde. No Brasil, entre 2008 e 2018, houve alta de 400% nos internamentos de pacientes diagnosticados pela doença. Os números são do DataSus e apontam que, até agosto deste ano, já são quase 14 mil ocorrências.
O estado que lidera o ranking nacional do período, em números absolutos, é o Rio de Janeiro, com 17,3 mil casos na rede pública, seguido de São Paulo (15,9 mil), Pernambuco (11,5 mil), Rio Grande do Sul (8,6 mil) e Bahia (7,5 mil). Se forem somados os registros até agosto de 2019, a ordem da lista não sofre alteração.
Na Bahia, a alta do período é acima da média nacional, com crescimento de 553% dos casos de internamento de pacientes com sífilis junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). O número corresponde a uma média mensal de 60 casos no estado.
Causada por uma bactéria, a sífilis é uma doença silenciosa e que tem diferentes fases. No início, os pacientes apresentam pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas, que não doem nem ardem e desaparecem semanas depois, o que dá a falsa impressão de cura. Em seguida, a doença pode ficar dormente por vários anos, o que dificulta o diagnóstico, até voltar de forma mais grave.
Óbitos
No entanto, apesar de o índice de óbitos ser baixo se comparado aos diagnósticos, a sífilis leva à morte 38 pessoas todos os anos. Entre 2008 e agosto de 2019, foram registrados 448 óbitos entre os pacientes atendidos pelo SUS no país.
No entanto, no lugar do Rio Grande do Sul, na quarta posição do ranking nacional, está Minas Gerais. Essa é a única alteração da lista, em relação aos estados que se destacam com uma quantidade maior de casos da doença. Na Bahia, foram 36 mortes, sendo 3 delas registradas neste ano.
Perfil das vítimas
É difícil imaginar que quase a totalidade dos casos de sífilis registradas pela rede pública aconteça em pacientes com menos de 1 ano de idade. No período, 92% das ocorrências correspondem à sífilis congênita, transmitida de mulheres grávidas, portadoras da bactéria, aos bebês.
Outra faixa etária que também se destaca entre as vítimas é de pessoas entre 20 e 29 anos, seguida por pacientes entre 30 e 39 anos. O cenário se repete na Bahia, onde 96,4% das ocorrências se referem a pacientes que já nascem com a bactéria.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) afirmou que a sífilis é um “grave problema de saúde pública”. Ainda no documento, a Sesab destacou que, dos casos registrados no estado, 50,8% acometeram pessoas do sexo masculino.
Na Bahia, Salvador é o município que mais registra casos da doença, com 42,3% das ocorrências do Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2008 e agosto de 2019. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que “atualmente, todas as unidades de saúde da família e atenção básica possuem o teste rápido para diagnóstico da sífilis, além do abastecimento de penicilina para realização do tratamento”.
Na mesma nota, a pasta destacou que foram realizadas “visitas técnicas nos 12 Distritos Sanitários para elaboração de ações para o enfrentamento da sífilis e sífilis congênita; a capacitação de 294 profissionais sobre os novos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticos para sífilis não especificada, em gestante e congênita, HIV, HTLV e Hepatites Virais”.
Ainda segundo a SMS, “uma forma eficaz de prevenção da sífilis congênita é por meio da realização do diagnóstico e tratamento adequado da gestante no pré-natal”, uma vez que “o bebê de uma mãe adequadamente tratada de sífilis, durante a gestação, não corre risco de nascer com sífilis congênita”, devendo, no entanto, “ser acompanhada até os dois anos de idade”.