Não é só o tenente-coronel Mauro Cid, outros nomes também ligados às Forças Armadas passaram a ser alvos de investigações por supostos envolvimento em atos golpistas, como o do 8 de janeiro, e em planos de golpe de Estado. Alguns deles, não ganharam holofotes na Bahia só agora. Na verdade, já estiveram, inclusive, em posição de poder no estado.
Alvo de um mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Lesa Pátria na manhã desta sexta-feira (29), o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes é um velho conhecido da Bahia. Ele foi, entre 2016 e 2017, chefe do Estado-Maior, da 6ª Região Militar, que inclui território baiano e sergipano. Chegou, inclusive, a ser homenageado na Câmara Municipal de Salvador (CMS) por seu trabalho prestado à cidade.
Em 2017, Ridauto foi agraciado, no Plenário Cosme de Farias, com a Medalha Thomé de Souza, fruto de uma resolução do então vereador Henrique Carballal (PV). No mesmo ano, deixou a 6ª Região Militar para atuar como encarregado das Operações de Garantia da Lei e da Ordem na Região Metropolitana de Natal e em Mossoró. Nome próximo ao ex-ministro Eduardo Pazuello, ele foi nomeado, em 2021, diretor de logística do Ministério da Saúde, cargo que deixou em 31 de dezembro do mesmo ano, último dia do governo Bolsonaro. Antes disso, Ridauto já havia ganhado destaque nacionalmente, ao defender a decretação de uma intervenção federal e um estado de sítio durante a pandemia de Covid-19.
Ridauto foi identificado a partir de publicações em redes sociais. Nas imagens, ele aparece na Praça dos Três Poderes durante os ataques golpistas, com uma bandeira amarrada no pescoço, reclamando de policiais militares que utilizaram spray de pimenta. Segundo as investigações da Operação Lesa Pátria, ele possivelmente é um dos idealizadores desses atos.
Outro conhecido do estado é o almirante Almir Garnier, o ex-comandante da Marinha. O nome dele foi citado na delação premiada de Mauro Cid à Polícia Federal. Segundo o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Garnier teria assegurado ao ex-presidente da República que suas tropas estariam preparadas para responder a uma convocação. Entre 2017 e 2018, Garnier foi comandante do 2º Distrito Naval, que tem sede em Salvador.
No período, chegou a ser agraciado com a Medalha Thomé de Souza e ainda com a Comenda 2 de Julho, da Assembleia Legislativa da Bahia, além dos títulos de cidadão soteropolitano e cidadão baiano. Antes disso, foi assessor especial militar do ministro da Defesa e depois, em 2021, se tornou comandante da Marinha. Sua posse, inclusive, só foi possível após Bolsonaro, em um ato inédito, demitir o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e ordenar que os comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica fossem substituídos.