Desde o caso que envolveu o transplante de coração do apresentador Fausto Silva, o processo de doação de órgãos está em alta no país. Em entrevista à Rádio Metropole, a médica intensivista do Hospital São Rafael Rede D'Or, Juliana Caldas, comentou sobre o assunto. Segundo ela, na Bahia 70% das famílias entrevistadas negam doar órgãos de familiares que vieram a falecer.
Durante o programa, a médica, que também é a coordenadora da comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos, destacou que há uma discrepância entre o número de pessoas que está na lista para transplante e a quantidade de doadores. Um dos motivos é a recusa das famílias entrevistadas.
“A cada 10 famílias que são entrevistadas, sete negam. As causas da recusa são amplas, muitas das pessoas não falam em vida. O que nós agentes de saúde podemos fazer é acolher, oferecer a doação e respeitar. A gente precisa mudar essa realidade, precisamos conversar com nossos familiares sobre esse tema, porque na hora de receber o transplante, a maioria das pessoas receberiam. Então, porque em um caso de uma morte, por que não doar?”, pontuou no programa da última sexta-feira (8).
Juliana Caldas também destacou como a propagação de notícias falsas interferem no trabalho das equipes. “As fake news fazem nosso trabalho andar para trás. Isso não é o nosso objetivo, temos um compromisso com a verdade, esse processo no Brasil não há corrupção.”
Outro ponto é sobre o período envolvido no transplante dos órgãos. Segundo ela, parte do tempo envolvido para que um órgão tenha a possibilidade de ser doado é inegociável. “A gente tem que respeitar as meia-vidas das drogas, para que a gente tenha a certeza que não haja mais nenhum tipo de sedativo que possa atrapalhar os testes e também o tempo de permanência hospitalar, por exemplo”, ressaltou.