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Negros são menos de 15% no primeiro escalão dos governos estaduais, Bahia tem maior presença

A gestão baiana possui mais da metade de pessoas que se declaram pretas ou pardas, um total de 17 pretos ou pardos contra 10 brancos

13/02/2023 09h43
Por: Redação
Negros são menos de 15% no primeiro escalão dos governos estaduais, Bahia tem maior presença

Dos 27 governadores e governadoras, 18 são brancos, 8 se declaram pardos e 1, Jerônimo Rodrigues (PT-BA), indígena.

O caso dos chefes dos Executivos estaduais é ilustrativo de como, na prática, a presença negra nos postos de comando da política tende a ser ainda menor do que a declarada.

O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), por exemplo, tem fenótipo de uma pessoa branca –e assim se declarou na disputa eleitoral de 2018. Mas em 2022 trocou sua autodeclaração para pardo.

Após uma avaliação realizada nas 27 unidades da Federação Brasileira, foi revelado que o secretariado nos estados é, em sua maioria, composto por pessoas brancas. Dos 570 cargos de elite dos Executivos estaduais, apenas 14% são comandados por negros (pretos e pardos) ou por pessoas que, embora tenham características físicas de brancos, se declaram pardas.

A Bahia, que possui 80% de sua população sendo composta por pessoas negras, é o estado onde pode-se notar a maior presença de pessoas negras no secretariado, composto por mais da metade de pessoas que se declaram pretas ou pardas (17, contra 10 brancos).

Já o Sul, conforme a Folha de São Paulo, região onde há a maior concentração proporcional de brancos no Brasil (75%), evidencia-se como a região com o menor número de negros em postos de comando nos Executivos. Há apenas dois negros.

O estado de São Paulo também, conforme a Folha, reflete essa realidade em relação a negros. O primeiro escalão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem apenas duas pessoas negras para as 25 secretarias estaduais.

O Governo do Rio Grande do Sul afirmou que “a diversidade e a representatividade negras, bem como de outros recortes sociais, é pauta permanente do governo, que não se encerra apenas na composição do primeiro escalão”.

Santa Catarina disse que “a avaliação para cada posição de liderança dentro do governo estadual levou em consideração apenas experiência e competência técnicas”, resposta similar ao de Roraima, segundo quem “os critérios para a composição do primeiro escalão de governo levam em consideração quesitos técnicos”.

O Governo de São Paulo afirmou que investe “na valorização da diversidade em todas as esferas e em todos os sentidos”, trabalhando para que “todos os 46 milhões de paulistas se sintam representados e acolhidos nas escolas, no serviço de saúde, nas delegacias, sem distinção de raça, gênero, religião ou orientação sexual”.

O Executivo de Minas Gerais disse ser um desejo da atual gestão a ampliação “da participação das minorias representativas em cargos de liderança”.

“Vale dizer que, em março de 2019, o Governo de Minas lançou o Transforma Minas, ferramenta de renovação do processo seletivo para vagas de liderança e cargos estratégicos da administração pública”, priorizando critérios técnicos em detrimento de indicações políticas.

Em nota, o Governo da Bahia listou autodeclarados indígenas (como o próprio governador) e negros em pastas e órgãos que concentram algumas das principais atividades do estado.

Espírito Santo afirmou que preza pela diversidade de gênero e raça na composição da equipe, “tanto que o secretariado é formado por homens, mulheres, brancos (as), negros (as) e indígenas”, o que ocorre nas demais esferas da administração.

O Acre afirmou que nos primeiros quatro anos do governo Gladson Cameli foram adotadas políticas de diversidade e direitos humanos. “Na nova gestão, todas essas políticas serão reforçadas, assegurando os direitos e garantias das liberdades individuais, equidade, justiça social e respeito a mulher, aos negros, índios e ao público LGBTQIA+.”

Maranhão afirmou que a composição do secretariado ainda não é definitiva e que deve passar por reforma administrativa em março, com prováveis novos nomes à frente das pastas.

O Governo de Sergipe afirmou não ter ainda como quantificar a quantidade de negros no primeiro escalão porque a autodeclaração de cada um ainda está sendo recebida.

O Pará disse que “não realiza questionamentos sobre identidade de gênero, cor ou raça no processo de nomeação dos servidores do estado para não ocorrer distinção de pessoas”.

Os demais governos de estado não responderam às tentativas de contato.

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