Final de ano, momento de rever os planos concretizados e pensar sobre o futuro. É nesse momento que as metas para o próximo ano são criadas, mas também é um momento em que muitas pessoas se sentem frustradas por não terem conseguido realizar as metas estabelecidas para o ano que está acabando. Mas por que o fim do ano traz essa vontade de balanço e mudanças?
A psicóloga Áquila Thalita, que é coordenadora do curso de psicologia da Estácio Feira de Santana, afirma que final de ano é um momento de muita reflexão, onde as pessoas recuam um pouco no tempo e imaginam aquilo que deseja para o próximo ano ou pensou que poderia acontecer no ano que se encerra, de acordo com objetivos e metas de vida.
“Acredito que isso é uma coisa muito emblemática do ponto de vista social, principalmente. Existe um ritual civilizatório em que as pessoas estão muito mobilizadas no ano que vai começar novamente. Então é como se você tivesse de fato 365 dias e novas oportunidades. E esse desejo de querer mudar, tem a ver também com frustrações, com sentimentos e percepções de capacidade, coisas que ficaram por fazer, então isso tudo move e proporciona às pessoas esse desejo de mudança”, explicou.
A psicóloga afirmou ainda que a importância das metas precisa ser singularizada e lembra que muitas pessoas falam sobre metas, mas não pensam que para alcançar uma meta, é preciso ter um objetivo bem estabelecido, inclusive para desenhar que tipo de meta é essa que você quer alcançar no ano que está chegando.
“Além de criar metas e às vezes criar metas que são impossíveis de se realizar, dentro até de uma fantasia de completude muito alienante, de coisas que a gente ver inclusive na internet, que soa com uma positividade meio tóxica, acredito que a maior importância, de fato, é voltar-se para si, tentar se conectar com os desejos e quereres e assim entender que suas metas e objetivos precisam estar aliados com propósitos que estejam também alinhados com sua existência, suas vontades. Criar metas pode ser muito bom, mas a maioria das pessoas acabam criando metas generalizadas, ou melhor, copiando as generalizações de metas de sucesso, de prosperidade e isso acaba violando a possibilidade das pessoas de conseguir alcançar algo que seja minimamente possível para si e que faça parte da sua realidade”, afirmou.
Mas como planejar metas possíveis?
A psicóloga destaca que a vida é feita de ganhos e perdas e que as pessoas estão o tempo inteiro entrando em contato com muitas coisas e vivendo muitas transformações, então entre ganhos e perdas, sempre haverá um saldo. E ela afirma que é importante fazer uma reflexão sobre a vida, tentando voltar-se um pouco para si e entender as relações, a forma como as relações se deram e se dão.
“O final do ano chama as pessoas a fazerem essa reflexão, esse balanço e também a criar novas metas. A dica para criar metas possíveis de serem realizadas é não listar nada que realmente não esteja próximo do seu querer, pois tem coisas que não se sustentam por serem completamente contraditórias a sua perspectiva pessoal, suas possibilidades, seus limites. E de fato a frustração, que já é algo genuíno ao ser humano, é algo que faz parte da vida, acaba ficando mais potente, pois as pessoas têm uma fantasia muito inflacionada sobre objetivos e metas que precisam cumprir e que às vezes não fazem nem relação próxima ao que de fato desejam. Então é muito mais angustiante você cair nessa fantasia aumentada das coisas que você precisa fazer, do que se voltar para si e pensar naquilo de fato que você deseja fazer, para encontrar o meio de sustentar essas metas”, salientou.