Após dois anos sem São João, por conta da pandemia causada pela Covid-19, os nordestinos vão voltar a comemorar e o que não pode faltar são as comidas típicas, mas com a inflação nas alturas, os consumidores estão sentindo no bolso o aumento dos preços dos alimentos mais tradicionais e que têm costume de fazer parte da mesa junina.
Segundo o Fecomércio-BA, os baianos vão gastar mais para comprar o mesmo produto do que no ano passado. A inflação geral na Região Metropolitana de Salvador foi de 13,24% em 12 meses até meados de maio. No entanto, os itens relacionados à data comemorativa estão mais caros. A farinha de trigo avançou 27,40%, seguido de vestuário (24,56%), milho-verde em conserva (22,33%) e mandioca (19%).
Em conversa com o bahia.ba, o feirante Jailton Mendes pontuou que os preços das suas mercadorias aumentaram bastante em relação ao ano passado.
“As coisas começaram a ficar mais difíceis em 2020 e hoje já aumentou bastante”, disse.
O comerciante ressaltou o preço do amendoim, que subiu muito em relação ao ano passado. “Eu comprava um saquinho de amendoim por R$ 150 ano passado, esse ano comprei por R$ 250.
Sobre o milho, seu Jailton disse que também avançou. “Ano passado, eu comprei mil milhos na razão de 400 reais e esse ano eu estou comprando por R$ 750. Eu vendia a espiga por 0,50 centavos e hoje por R$ 1”.
Já para a feirante Solante Maria, a diferença na compra do milho não foi tanta. “Não senti aumento no preço do milho e estou vendendo e comprando pelo mesmo preço.
“Eu compro o milho por 0,80 centavos cada e vendo a R$ 1, o mesmo valor desde 2019, antes da pandemia”, explicou ao bahia.ba.
O vendedor de aipim e carimã, Joison Santos, também sentiu o bolso pesar na hora da compra dos insumos e por isso precisou aumentar o preço na venda.
“Estou comprando por mais caro e só estou faturando 0,50 centavos, pois estou vendendo pelo mesmo preço do ano passado e faturando menos, já que o produto aumentou”, afirmou em entrevista ao bahia.ba.
A feirante Lilian Santos declarou que deixou de vender amendoim por conta do preço que avançou demais, segundo ela.
“Uma lata de amendoim você encontra de oito ou nove reais, ano passado era R$ 5, está muito caro”, pontuou.
Segundo Lilian, o produto mais caro é a leguminosa. “Esse ano nem botei pra vender, está muito caro e todo mundo aqui na feira têm comentado o quanto está caro”.
Apesar do aumento nos valores, alguns feirantes têm conseguido, com esforço, manter a base de lucro do ano passado. De acordo com Jau Paim, mesmo a compra sendo mais cara, a venda também subiu, o que compensa.
“Hoje vendemos uma saca de amendoim, que antes era entre R$ 150 e R$ 180, por R$ 270 até R$ 300 reais. Na base de preço temos 30% no lucro. Uma lata está R$ 60 reais, ano passado a mesma lata estava em torno de R$ 40 ou R$ 45 no máximo”, relatou.
O lado do consumidor também vem sentindo o avanço brusco nos preços. Para a administradora Eliana Matos, os gastos com as comidas para o São João foram bem acima do esperado.
“Eu achei tudo caro. Na laranja, por exemplo, eu paguei R$ 20 o saco e costumávamos comprar de R$ 16 antes do São João. A única coisa que não senti o aumento, foi o milho que achei de 0,80 centavos”, declarou.
O comerciante e consumidor, Luiz Cláudio, que compra os insumos e utiliza na produção de comidas típicas para vender, repassou o aumento no produto final.
“Eu trabalho com eventos, então compro esses insumos e faço produtos, como bolo e canjica, para vender. A gente teve que aumentar um pouco o valor dos produtos, não só por conta do avanço dos preços, mas pelos combustíveis também. Antes um bolo de R$ 30 agora está R$ 40, já a pamonha eu vendia de R$ 1,50 e hoje ta R$ 2,50”, explicou.