O fotogênico cenário de uma multidão concentrada para a saída do trio em frente do Farol da Barra pode não acontecer em 2023. A intensão de transferir o circuito Dodô (Barra-Ondina) para a orla da Boca do Rio, mesmo com opiniões divididas, ganhou força na última semana. Empresários e entidades relacionadas à festa passaram a se reunir em busca de alternativas que viabilizem o projeto que modificará não só as fotos, mas também um mercado que movimenta cerca de R$5,5 bilhões na cidade.
A discussão sobre um novo circuito para desafogar a Barra não é novo. O presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Joaquim Nery, estima que essa pauta existe há pelo menos 10 anos. As chances, contudo, são maiores de vingar desta vez. O Comcar já tem se reunido com donos de blocos, camarotes e com a Empresa Salvador Turismo (Saltur). Até mesmo o prefeito Bruno Reis (UNIÃO) classificou o projeto como “uma possibilidade real e concreta”.
As discussões apontam para um trajeto que começa pouco depois do Centro de Convenções e vai até a Terceira Ponte de Patamares. Os trios, camarotes e grandes estruturas do Circuito Dodô seriam distribuídos nesses quase 4 km de circuito.
A região já iria passar por uma requalificação, com intervenções viárias e a criação de um grande calçadão. Foi, inclusive, essa informação que reacendeu a discussão entre os agentes da festa. As preparações para as obras já foram publicadas no Diário Oficial do Município e preveem a desapropriação de uma área de mais de 74 mil m².
A grande questão para amantes e agentes da folia é se haverá tempo hábil para que a mudança aconteça no Carnaval de 2023 — já chamado do Carnaval da retomada, após dois anos de ausência da festa.
“Não dá para protelar, até porque muitos produtos já foram vendidos ao longo desses últimos dois anos. Se a decisão for tomada agora, pode ocorrer já para 2023. Mas tudo ainda é uma discussão. Quando o circuito Dodô foi criado tínhamos 2 milhões de habitantes e um público pequeno chegando para a festa. Hoje temos 3 milhões e uma multidão chegando”, completa.
Associação apoia mudança
Afetada diretamente pelo projeto, a Associação de Moradores e Amigos da Barra (Amabarra) enxerga com bons olhos a mudança, mas faz ressalvas. Para o diretor de comunicação da entidade, Waltson Campos, a ideia não pode ser apenas mudar o problema de lugar. “É preciso pensar em um espaço que tenha estrutura para receber a festapara depois não correr o risco de ter de mudar de novo”, alerta Campos.
“Em 2020, foram cerca de 6,5 milhões de pessoas em um bairro de 17 mil habitantes. Isso é inviável. Chegou ao ponto da própria Polícia Militar falar que, se acontecesse algo, ela não chegaria ao local”, completa. Os amantes do Circuito Barra-Ondina não devem ficar órfãos. De acordo com Nery, a ideia é fazer dele uma opção mais alternativa, com fanfarras e bandas de sopro.