Pouco mais de dois anos após o surgimento do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, os reflexos da doença e do isolamento social por ela imposto ainda se fazem sentir. A pesquisa “000”, realizada pelo IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), constatou que a inatividade física, a obesidade e o consumo abusivo de álcool aumentaram em 2020, ano de início da pandemia, constituindo fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como hipertensão e diabetes.
Neste mês, em que se celebra o Dia Mundial da Saúde (07/04), o professor do curso de Educação Física da , Luiz Guilherme da Silva Telles, fala da importância da prática de exercício físico para prevenir e até curar algumas doenças, e garante: é muito importante relembrar e conscientizar a população da necessidade da prática regular de exercício físico, que de maneira geral promove saúde e qualidade de vida para todos os seus praticantes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNTs são responsáveis por 41 milhões de mortes por ano no mundo. No Brasil, as mortes causadas por essas doenças aumentaram de 60,4%, em 1990, para 75,9% em 2017 – os dados sofreram atraso na divulgação devido à pandemia, mas mostram o quanto a população se acomodou. Estima-se que até 5 milhões de mortes por ano no mundo poderiam ser evitadas se a população global fosse mais ativa.
O professor e mestre em Educação Física afirma que o sedentarismo é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas e para o aumento da mortalidade.
- Há uma necessidade urgente das pessoas adotarem a prática regular de exercício físico como forma de prevenção e tratamento de diversas doenças, conciliando hábitos saudáveis e o mínimo recomendado para a prática por órgãos internacionais, - explica, destacando que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que se faça no mínimo 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana.
Prática regular reflete na melhoria da saúde
O professor da Estácio lista alguns dos benefícios da prática regular de exercícios físicos para os principais sistemas do organismo humano: uma delas é a melhoria no sistema cardiovascular, musculoesquelético, nos sistemas imunológico, respiratório e endócrino. Além disso, a prática pode tratar e curar pelo menos 40 doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, obesidade, hipercolesterolemia, doenças cardiovasculares em geral, doenças metabólicas, artrite reumatoide, esclerose múltipla, fibromialgia, doenças de origem psiquiátricas como esquizofrenia, depressão, ansiedade. Podemos também obter benefícios em doenças como câncer e HIV, principalmente pelo impacto na melhoria do sistema imunológico, diz o professor.
Para Luiz Guilherme, diante de todos esses benefícios a conclusão é que a prática regular de exercício físico pode ser considerada como “um remédio”, um tratamento não farmacológico para inúmeras doenças crônicas não transmissíveis. Mas o professor faz um alerta importante àqueles que querem começar a se exercitar:
- As atividades físicas devem ser conduzidas, planejadas e orientadas por profissionais habilitados, que são os profissionais de Educação Física. Ele é o profissional que tem competência suficiente para planejar o exercício de maneira individualizada, considerando o critério de avaliação e estratificação do aluno, tornando o exercício seguro e eficiente.
O professor observa que em agosto de 2020 o Conselho Federal de Educação Física publicou a resolução nº 391/2020, que reconhece que o Profissional de Educação Física possui formação para intervir em contextos hospitalares, em níveis de atenção primária, secundária e/ou terciária em saúde, dentro da estrutura hierarquizada preconizada pelo Ministério da Saúde, através do SUS.
- A resolução abre uma nova área de atuação do profissional em todos os níveis hospitalares, permitindo a atuação efetiva como profissional de saúde desde o posto de saúde até a alta complexidade, principalmente prevenindo, tratando e reabilitando as diferentes doenças crônicas. A resolução reafirma e consolida o profissional de Educação Física como profissional de saúde, valorizando-os ainda mais, afirma o professor da Estácio.