Na primeira entrevista após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou suas condenações na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) responsável pela operação em Curitiba de “quadrilha”.
Dizendo-se vítima da “maior mentira jurídica contada no país em 500 anos”, Lula afirmou que o ministro Edson Fachin, autor da decisão que anulou os processos, reconheceu o que a sua defesa vinha alegando desde 2016.
“A decisão que ele tomou, tardiamente, foi colocada por nós desde 2016. A quadrilha de procuradores do Ministério Público entendeu que a única forma de me pegar era me colocar na Lava Jato. Eles queriam criar um partido político para tentar me criminalizar”, atacou nesta quarta-feira (10).
Crítico da cobertura da grande imprensa sobre seu caso, Lula afirmou que, pela primeira vez, viu o “Jornal Nacional”, “falar a verdade” na edição desta terça (9).
“Quem viu televisão não acreditou no que tava vendo. pela primeira vez, a verdade prevaleceu, não dita pelo presidente do PT, mas pelo presidente da Segunda Turma do STF, pelo ministro Ricardo Lewandowski e pela ministra Cármen Lúcia.”
O ex-presidente disse também que a dor que sentiu durante os 580 dias preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba não se compara à vivida pela sociedade brasileira na crise do coronavírus.
“Se tem um brasileiro com razão de ter muitas mágoas, sou eu. Mas o sofrimento que as pessoas pobre desse país é infinitamente maior do que cada dor que eu sentia quando estava preso na Polícia Federal. Essa dor que a sociedade brasileira sente agora me faz dizer que minha dor não é nada, é muito menor que a dor que sofrem quase 270 mil pessoas que viram a morte de seus entes queridos e, sequer, puderam se despedir dessa gente.”