Reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando da Petrobras foi o golpe mais forte na confiança do investidor estrangeiro desde o início deste governo e provocou novas dúvidas sobre o tamanho do poder que o ministro Paulo Guedes (Economia) ainda exerce sobre a política econômica do Brasil.
Segundo a publicação, os donos do dinheiro no exterior já estavam bastante cautelosos quanto a fazer aportes no Brasil, que tem perdido relevância global por causa da piora de seus indicadores econômicos e não possui grau de investimento há algum tempo. Assim, o impacto da interferência do presidente brasileiro na estatal do petróleo causou temor de um efeito cascata em outras empresas públicas e deve ter reflexos a longo prazo no mercado externo.
De acordo com a Folha, muitos dos investidores nos EUA não acreditam que Guedes deixará o cargo em breve. Dizem que o ministro —que sempre afirmou ter sido rechaçado pelos intelectuais da economia— agora se sente aceito no poder.
Ainda conforme a reportagem, as perguntas que fazem, porém, são sobre a influência que ele terá como fiador de uma agenda liberal daqui para frente, diante da postura intervencionista de Bolsonaro.
No fim da semana passada, o presidente brasileiro anunciou a troca no comando da Petrobras, com a indicação do general Joaquim Silva e Luna no lugar de Roberto Castello Branco, economista ligado a Guedes.
A reação do mercado foi histórica, com reflexos negativos na Bolsa, câmbio, risco-país, juros futuros, e a revisão generalizada nas avaliações de bancos e agência de classificação de risco em relação às estatais do país —agora vistas com mais pessimismo.